segunda-feira, 24 de maio de 2010

QR Code


Quick Response Code. Já ouviu falar? Pois atenção! Se trata do QR, uma evolução do código de barras, mas vai além disso. Não é apenas uma ferramenta comercial, mas um meio de interação social. Isso pq o QR pode ser decodificado por aparelhos celulares que tenham câmera fotográfica. O software de leitura e decodificação pode ser obtido e instalado gratuitamente pelo site da empresa Kaywa que também disponibiliza um gerador de mensagens e links para QR.

Mas porque tudo isso? Bom, vc pode ter um cartão de visita que contenha uma imagem QR que poderá ser decodificada por um celular e as informações armazenadas instantaneamente. Ou mandar uma mensagem “secreta” numa camiseta... Já existe até uma rede social onde os perfis são imagens QR, o SmartPox! Campanhas publicitárias, veículos corporativos, até clipes musicais já aderiram ao QR como é o caso de Integral dos Pet Shop Boys onde as imagens que surgem ao longo da musica são links para sites relativos ao tema. Isn´t it cool?
E então? Qual é a mensagem abaixo?
qrcode

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A costura do invisível X O artista e o artesão

Trabalho para a disciplina "Arte e Estampas", professor Pedro Duarte de Andrade.

Junho de 2004, São Paulo Fashion Week (SPFW). O estilista e artista plástico Jum Nakao apresenta seu último desfile no evento. A despeito das expectativas de um desfile de moda, exibindo tendências de materiais, formas e cores, o trabalho apresentado consiste em roupas feitas inteiramente de papel, com formas que remetem a tempos passados e tudo branco. E para finalizar, ainda na passarela, toda a obra é rasgada pelas modelos na frente do público.
O desfile chamado “A Costura do Invisível” ganhou status de obra de arte, versão em livro e DVD, alçou os títulos de desfile da década pela SPFW e um dos mais importantes desfiles do século pelo Museu de Moda de Paris, onde, mais tarde, foi reproduzido.
Quase 1 tonelada de papel gasto na confecção das roupas e cenografia, uma equipe de 150 pessoas, 700 horas de trabalho empregadas nesse obra artesanal.
Então seria essa obra arte ou artesanato?
No texto de Mário de Andrade, “O artista e o artesão”, essa questão é discutida e pretendemos aqui fazer um paralelo entre os argumentos de Andrade e o desfile de Nakao.


I
“(...) todo artista tem de ser ao mesmo tempo artesão. (...) se perscrutarmos a existência de qualquer grande pintor, escultor, desenhista ou musico, encontramos sempre, por detrás do artista, o artesão.”
O trecho acima fala da necessidade da técnica e da prática no artefazer.
Mário de Andrade afirma haverem três manifestações na técnica de se fazer obras de arte. A primeira é o artesanato, o conhecimento do material com que se faz a obra de arte. Prático e necessário, é imprescindível a esta, e pode ser ensinado. A segunda é a virtuosidade, o conhecimento e a prática de técnicas históricas da arte, o domínio da técnica tradicional. Apesar de também poder ser ensinado, não é considerado imprescindível. E a terceira etapa é o talento, a solução pessoal do artista no fazer a obra de arte. Sendo o mais dramático dos três pontos, pois é imprescindível, mas não pode ser ensinado.
Podemos então dizer que “A costura do invisível” abraça os três preceitos acima descritos, começando pelo material escolhido, o papel. Foi estudado, pesquisado, testado até que se chegasse a um determinado tipo (vegetal) em gramaturas diferentes que pudesse ser submetido aos diversos processos e resistir e sustentar a obra final. Deveria ainda ser maleável o suficiente para se adequar às formas idealizadas e às necessidades das etapas de modelagem e montagem onde é preciso colar e descolar as partes sem que se rasgue ou prejudique a parte afetada pela cola. E ainda o aspecto visual: brilho, cor e transparência necessários aos efeitos desejados pelo criador.
Determinada a matéria, iniciam-se os processos de texturização, onde o papel é umedecido e prensado, dando relevo aos desenhos. Em seguida é cortado a laser ou a mão, de acordo com as necessidades definidas pela extensão e complexidade do desenho aplicado. A modelagem é feita parte sob uma perspectiva bidimensional e parte no corpo das modelos. E por fim a montagem da obra diretamente no corpo das modelos.
Finalmente o talento, que transforma um desfile de moda em passagem para um conto fantástico, através de roupas de papel com perfeita harmonia de formas e técnicas precisas de manipulação da matéria, e trazendo de volta à realidade quando são rasgadas. Causa impacto, reações, emoções. Faz pensar e refletir acerca do conceito, da idéia, da obra, da arte.
Podemos então concluir que Nakao e Andrade compartilham dos mesmos conceitos no que concerne à qualidade da obra de arte, e do artista consequentemente. “Artista que não seja bom artesão, não é que não possa ser artista: simplesmente não é artista bom.”

II
Papel: s.m. Folha ou lâmina delgada feita de substâncias de origem vegetal (celulose, trapos, palha de arroz etc.), na qual se escreve, imprime, embrulha etc. (Dicionário Aurélio)
Essa é a definição de papel, e o conceito desde os tempos mais remotos, mas Jum Nakao transformou a finalidade do papel. Não sendo utilizado apenas como uma superfície para desenhos e escrita, ele transformou em arte por conhecer o material e dominar as técnicas com que fez a sua obra.
Diante do trabalho percebemos que há um domínio e uma familiaridade com o material frágil que exige habilidade e delicadeza. Para cada pedaço da obra uma gramatura específica foi usada, sempre com cuidado rigoroso no manuseio, quase um processo cirúrgico, respeitando e adequando os limites da matéria à idéia do criador. Apesar (ou por causa) da fragilidade do suporte, impregnado de idéias e significados, ele traz vida, dá ânima à obra.
A escolha da matéria papel permite a consolidação dos objetivos desejados: efemeridade do material e a permanência da obra e de seu conceito ainda que esta seja destruída fisicamente, e a permissão desta idéia ser explorada ‘ao vivo’. Nakao diz: “As pessoas fazem as coisas como se aquilo não tivesse uma continuidade, e eu quis mostrar isso de uma forma poética, mesmo quando algo que é bem feito desaparece, ainda existe, porque foi bem feito.” Ao rasgar a roupa (a obra de arte) no final do desfile ele causa impacto, rompe com a expectativa, faz as sensações e descobertas tornarem-se perceptíveis. Entre as próprias modelos esse ato de rasgar acontece com dor, como uma perda. Era como se estivessem rasgando um vestido de princesa, que foi feito sobre e apenas para o corpo delas.
Mário de Andrade diz: “E si o espírito não tem limites na criação, a matéria o limita na criatura.” Mas parece que Nakao supera esses limites, não contra, mas junto com a própria matéria em si. Reforçando a idéia de Andrade de que a técnica pessoal é fruto da relação entre um espírito, o artista, e o material que ele move.

III
Desde o Renascimento, quando o individualismo se impõe na arte, a técnica pessoal se torna de fundamental importância. É conseqüência do espírito do tempo e cresce com a contemporaneidade. “Mas esta técnica pessoal é inensinável, porém; cada qual terá que procurar e achar a sua, pra poder se expressar com legitimidade.” Mário de Andrade diz que o artista precisa de uma solução única, pessoal para dar à obra de arte a sua verdade, e assim tornar-se um criador legítimo. E mesmo sendo uma expressão do indivíduo, não leva a desorientação ou ao caos, pois é “fruto de relação do espírito e do material”.
Na obra estudada podemos analisar as soluções subjetivas do artista para os problemas que sua obra deveria contemplar. Suas técnicas pessoais desenvolvidas e aprimoradas para transformar uma “rotina” (um desfile de moda sazonal) em evento memorável.
Se falássemos aleatoriamente sobre um desfile de moda feito em papel cujas roupas foram rasgadas em plena passarela ao final da apresentação, não teríamos a ínfima noção do que foi realizado. Precisamos explanar todas as etapas e técnicas, conhecer a disposição do artista em estudar a matéria e seu manuseio à exaustão, tratar dos aspectos quantitativos, para termos as reais dimensões do feito. Mas para atestar a legitimidade da obra temos que compreender e reconhecer a verdade e a técnica pessoal do artista, e então nos aproximarmos dos objetivos mais profundos da obra de arte.

IV
No ensaio de Mário de Andrade é esclarecido que a noção de beleza sempre existiu, mas anteriormente ao Renascimento “a beleza era apenas um meio de encantação aplicado a uma obra que se destinava a fins utilitários muito distantes dela.” Somente mais tarde é que esse conceito se torna uma finalidade nas artes plásticas e não mais uma conseqüência. “A beleza se materializa, se torna objeto de pesquisa de caráter objetivo, ao mesmo tempo que o individualismo se acentua.”
A beleza do trabalho de Nakao é apresentada na excelência das matérias e técnicas empregadas, na inovação de recursos, no alcance do objetivo de transmitir seu conceito, sua mensagem, na quebra de expectativas. Não há busca de uma beleza ideal, ou ideal de beleza, que num desfile de moda pode-se dizer que é a exibição das tendências mais adaptáveis ao mercado, mas ao contrário, os conceitos estéticos mostrados reforçam seus valores subjetivos.
A mistura do moderno, representada pelas perucas “playmobil”, e do antigo, as próprias roupas, musica, iluminação, cenografia... a obra completa portanto, aponta para um valor de beleza individual, balizado por “exigências espirituais do individuo e sua finalidade.” Nakao usa a beleza como “isca” para seduzir o publico, atingir o encantamento total para então destrui-lo, junto com a obra, com a beleza tangível.

“O contraste entre as referências (a unidade da indumentária do século XIX e a reprodutividade do playmobil) criaria um instantâneo sem espessura: passado e futuro juntos evidenciando a transitoriedade das estéticas e linguagens e achatando inteiramente a perspectiva temporal. Um novo sentido se criaria rompendo as referencias temporais”.

V
“O artista e o artesão” aponta para a necessidade de uma limitação de conceitos por parte dos artistas contemporâneos, e da construção de uma atitude estética diante da arte e da vida. As próprias liberdades sobrepõem o equilíbrio entre o artista e a sociedade. O individualismo desenfreado afasta a importância do artesanato e da pesquisa, e leva à vaidade de ser artista tornando este, individuo, objeto de arte e não mais a obra de arte em si.
A obra abordada neste trabalho mostra o individualismo, as liberdades do criador exacerbadas no conceito e na obra em si. Mas há também “a vontade estética, uma humildade e segurança na pesquisa, um respeito a obra de arte em si, uma obediência ao artesanato”. Aqui não existe sobreposição de interesses e vaidades. Há sim uma coesão perfeita entre obra e artista, atitude estética e social.
Desde a concepção da idéia até sua “morte” pública, o desfile foi minuciosamente estudado, testado, pesquisado apaixonada e exaustivamente. Consciente das limitações, Jum Nakao as transpõe pelo conhecimento, pelo respeito, pela ousadia. Quebra regras e provoca questionamentos, não pelas vaidades e interesses pessoais, mas pela qualidade de uma obra perfeita, segura de seus conceitos. Transforma o que seria apenas mais um desfile de moda, efêmero, em obra de arte, permanente.

“Iniciamos o desfile normalmente – dentro dos códigos -, até quando as modelos se perfilaram para a última contemplação do espectador. Nesse momento subvertemos todas as ordens, alteramos as luzes, a trilha. Era o sinal para rasgar. Uma abertura para a reflexão sobre novos caminhos possíveis na cartografia do invisível”.
(NAKAO, Jum 2005)

BIBLIOGRAFIA
• http://www.jumnakao.com.br/cstrdnvsvl.html
• http://www.youtube.com/watch?v=JDaCsnXHaAI&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=t0AtPc0hRkQ&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=Dez8nhF1mj8&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=EUJDE8dbN3A&feature=related
• http://www.youtube.com/watch?v=UdUcv1_omtk
• http://www.youtube.com/watch?v=UwxYz-5Sth4
• http://artemoda.uol.com.br/pagina.php?id=176
• http://ibahia.globo.com/entrevistas/artigos/default.asp?modulo=1445&codigo=212729
• ANDRADE, Mário de. O artista e o artesão. 1938.
• NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo: Editora Senac, 2005.
• STORK, Ricardo. 1996

terça-feira, 18 de maio de 2010

Hot Chocolate Design


Pra quem gosta de conforto e originalidade a empresa venezuelana é tiro certo! As sapatilhas quadradinhas tem um pé em composé com o outro: o direito tem maçã, o esquerdo é todo cheio de maçãzinhas, ou este da foto com abelinha e listrado. São assim divertidas, coloridas e autênticas.
E mais: bolsas, carteiras, necessaires, munhequeiras, bloquinhos de recados, carteiras masculinas, sapatilhas "mini chocoláticas" (para as fãs mirins da marca) e ainda uma sessão "dark chocolate" com estampas para os adeptos de um estilo mais sombrio...
O site é bem elaborado, objetivo, agradável. Os itens podem ser comprados via e-mail e na página "atención al cliente" tem o passo a passo pra realizar a compra, os cuidados com o produto, tabela de tamanhos com medidas venezuelanas, americanas e em centímetros. Uma graça!
http://hotchocolatedesign.com/

segunda-feira, 17 de maio de 2010

É Kitsch!

Pratos de porcelana da ‘vovó’ ganham estampas de ‘Star Wars’
Designer pinta personagens do filme em peças tradicionais.
Do G1, em São Paulo, 24/04/2010

Angela Rossi achou uma maneira de usar os pratos herdados de sua avó. Ela resolveu pintar os personagens do filme “Star Wars” nos pratos de porcelana que sua mãe estava prestes a doar. A designer de Los Angeles, nos Estados Unidos, produziu cada prato manualmente, sem perder o desenho original. Agora, ela está vendendo as peças como obras de arte na web. Cada prato sai por US$ 35.
http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2010/04/pratos-de-porcelana-da-vovo-ganham-estampas-de-star-wars.html

Sem entrar no mérito do valor estético da "obra", podemos admitir que é mesmo divertido ver Darth Vader envolto em florezinhas ou Mestre Yoda cercado de ninfas. Mas a aquisição das peças deixamos para os fanáticos pelo filme e seus personagens talvez para decorar um quarto exclusivo para "colecionáveis" da saga, ou fazer suas refeições lembrando brincadeiras de criança do tipo "tem que comer tudo pra achar o bonequinho no fundo do prato". Embora Chewbacca não seja um estímulo para qualquer apetite...
E mais: no site onde as peças são vendidas há outros modelos. Sid and Nancy, Chuck, Gremlins... até uma série especial "serial Killers". Há mesmo gosto pra tudo...
http://www.etsy.com/shop/BeatUpCreations?section_id=7022690

Audrey Kawasaki


Conhecer o trabalho dessa jovem artista americana é entrar num mundo de fantasia e contradição: delicadeza e força, belo e bizarro, inocência e erotismo. Conjuga encantamento e melancolia em suas obras, na maioria, feitas em óleo e grafite sobre madeira.
Em seu site, podemos encontrar não só todos os seus trabalhos como os processos criativos e esboços. Também pode-se comprar suas obras e conhecer a agenda da artista. Ela ainda mantém um blog onde expõe suas preferências, fala de outros artistas, pede opinião sobre futuros trabalhos e ainda compartilha sua coleção de fotos "intrigantes", como ela mesma chama.
Enjoy Audrey!
www.audrey-kawasaki.com
http://i-seldom-do.livejournal.com/

domingo, 16 de maio de 2010

Designer de Moda ou Estilista?

Trabalho para a disciplina "Design e Estampas", professor Sérgio Sudsilowsky.

CHRISTO, Deborah Chagas. Designer de Moda ou Estilista? Pequena reflexão sobre a relação entre noções e valores do campo da arte, do design e da moda.
Colóquio de Moda, Salvador, 2006.

Cada vez mais Moda e Design se aproximam. O design invadiu o mundo da moda renomeando cursos antes Estilismo ou apenas Moda, agora Design de Moda, e também na alteração de sua grade curricular inserindo disciplinas específicas de design. A moda, por sua vez, influencia pesquisas e pesquisadores no campo do design e até inspira calendários comerciais de empresas de design, que passam a adotar lançamentos sazonais de novos produtos com ares de coleção de moda.

Embora a relação entre esses campos pareça antiga e óbvia, há até pouco tempo atrás estudantes de design tinham dificuldades em desenvolver trabalhos voltados à moda. E conteúdos necessários a esse campo (coleções por estação, peças conceituais e observação de tendências) eram mal vistos pelo designer de produto, especialmente no Brasil, onde o design é fortemente influenciado pela tradição modernista, que preza o racionalismo e o funcionalismo, longe dos conceitos de arte e moda.

Fora do Brasil, onde a palavra design é comumente associada à moda, o estilista é conhecido como fashion designer, que em uma tradição literal seria designer de moda. Sendo assim, não deveria existir diferenciação entre os dois. No entanto, aparentemente, o designer de moda está associado ao campo do design, à questão da indústria e aos fatores que envolvem a produção de um objeto, preocupado com as questões objetivas do produto. Já o estilista estaria relacionado ao campo da arte, seria um profissional livre e criativo, preocupado com os conceitos e conteúdos simbólicos e subjetivos, desvinculado de questões que envolvem o mercado.

Para entender melhor a relação entre estilista e designer de moda vejamos algumas noções do conceito de artista e designer.
Até o final do século XV, o artista era um artesão, seguindo normas pré-estabelecidas e não uma expressão individual. Com a ascensão das classes mercantis na Itália, que viam na arte um meio de auto promoção, a demanda e a competitividade do mercado aumentaram e o artista se emancipou e ascendeu socialmente. O realizador da obra de arte passou a ser visto como gênio inato, dotado de talentos especiais que faziam com que ele próprio tivesse mais valor que a obra em si. A atividade do artista se tornou mais intelectual que artesanal. A prática das oficinas deu lugar à formação teórica das escolas e academias de arte. As noções românticas do século XIX reforçam a idéia de que a cultura era uma realidade superior, alheia às demandas econômicas, e a obra de arte era uma expressão livre de um indivíduo talentoso à margem das demandas sociais.

Com a Revolução Industrial, a indústria da cultura se desenvolveu. A ampliação e diversificação do público consumidor provocaram também uma diversificação de produtos e produtores de bens simbólicos, propiciando o desenvolvimento de uma “teoria pura da arte”, que determina a diferença entre “arte como simples mercadoria” e “arte como pura significação”. Artistas e intelectuais passam, então, a buscar uma distinção cultural, reforçada pela noção do artista como gênio e criador.

Algumas definições de design sugerem uma relação com a indústria e com o mercado, sendo o design uma atividade que identifica as necessidades do consumidor e as melhores formas de supri-las com algo produzido industrialmente. Sob um olhar pragmático e técnico, reforçado no Brasil pela tradição modernista, esse conceito tenta aproximar o design da ciência e da técnica e afastá-lo do campo da arte.

Entretanto, historicamente, o surgimento do profissional que configura objetos usados no cotidiano do homem teve sua origem no campo das artes. Na Idade Média, o mesmo profissional que pintava um quadro, construía objetos utilitários. Somente no século XV, como surgimento das manufaturas e desenvolvimento das ciências, a divisão de arte aplicada e arte pura foram estabelecidos. O então artista-artesão da Idade Média passa a ser ou o operário, responsável pela produção do objeto, ou o mestre-desenhista, responsável pelo seu projeto. Logo o projeto passa a ser visto como mercadoria e o profissional que o concebe como peça importante de uma empresa. Visto que esse profissional se origina do campo das artes, as crenças, os valores e posição do designer na sociedade, também serão balizados pelas noções que norteiam este campo tais como criatividade, inovação, superação do velho através de manifestações artísticas, etc. Isso pode explicar porque alguns designers são vistos como artistas e alguns objetos ganham status de obras de arte. Mas isso não significa que não haja relação destes com a indústria e com o mercado. Afinal, foi na Revolução Industrial que a atividade de designer ganha força, e as noções da industrialização permanecem, ainda hoje, no campo do design.

Existem definições de design baseadas no objeto e outras baseadas no processo. Juntá-las, porém, não seria suficiente para definir design. Devemos levar em conta que objetos não são apenas soluções para necessidades objetivas dos usuários, pois estes também possuem necessidades subjetivas. Logo, um objeto pode ter várias funções e significados. Sendo assim, a atuação do designer considera, além das questões produtivas e técnicas, também questões expressivas e simbólicas.

Podemos observar que o termo design possui tanto valores relacionados à indústria e ao mercado quanto ao campo da arte. Portanto, dizer que o design de moda está vinculado ao design, significaria dizer que também possui influência dos dois campos em seus significados e discursos. Assim, se o estilista está ligado ao campo da arte e o designer está ligado aos campos da arte e do mercado, podem ser entendidos como termos diferentes de uma mesma definição.



Deborah C. Christo apresenta argumentos históricos irrefutáveis para defender a idéia de que estilista e designer de moda são termos diferentes para um mesmo significado. Mostra que os valores que alicerçam esses conceitos têm a mesma origem, e foram adotados termos diferentes por alguns possíveis motivos como tradução falha, preconceito e ausência de uma análise mais profunda sobre as funções deste profissional. Faz-se entender, então, a necessidade de fundir esses nomes em um só, sob os valores mais abrangentes do design, promovendo o posicionamento adequado da profissão no mercado.

Bem vindo!

Olá,
Estou "estreando" este blog como grande desafio, pessoal e profissional. Sempre falei por e através das empresas pelas quais trabalhei. Agora, por tarefa da pós-gradução que estou cursando, chegou a hora de me expor. Sem conceitos nem preconceitos, somente eu, minhas ideias, minhas opiniões, meus trabalhos.
Aqui serão postados textos, resenhas, reportagens, imagens, coisas sérias, coisas bobas, divertidas ou nem tanto, rabiscos e esboços, exercícios de aula e trabalhos, meus e de outros. Tudo o que possa servir de inspiração ou "expiração".
Sugestões, comentários, críticas honestas, são sempre bem vindos.
Espero que goste! "Volte sempre!"